O SOS Vida Animal da minha cidade, assim como muitas outras associações de defesa animal, é uma entidade sem fins lucrativos que agrega pessoas que gostam de animais. Sem sede própria, o SOS não tem como recolher os cães e gatos abandonados nas ruas da nossa cidade. Quem faz esse trabalho são voluntários, os chamados “protetores”, em abrigos próprios, que estão sempre cheios. Da maneira como o vejo, o SOS forma uma grande rede de relacionamento. Quem cuida de animais abandonados ajuda quem cuida de animais abandonados. Simples e, em grande parte, eficaz.
Mas é também um trabalho difícil e frustrante, porque não tem fim. Para cada animal adotado, aparecem três ou quatro abandonados. Todos os dias, nascem muitos cachorros e gatos nas ruas e também aqueles que serão abandonados um dia por seus donos porque vão viajar (acontece muito nas férias), não têm espaço na casa nova, vão mudar para um apartamento ou, simplesmente, porque o animal dá trabalho e a chefe da casa não agüenta mais limpar sujeira.
Bem, uma parte desse donos tentará encontrar outra pessoa para cuidar deles. E talvez encontrem. Ou talvez encontrem alguém que, embora fique com ele, em um primeiro momento, não se apegará ao animal e, por algum novo motivo, o dará para outra pessoa. Ele viverá de casa em casa até que uma doença ou um carro o matem. Pode ser a tristeza também. Outros viverão desde sempre meio abandonados, soltos nas ruas, voltando para casa somente para dormir.
Há também os donos que pensam estar fazendo um bem danado para seus animais soltando-os à noite “para dar uma voltinha”. Enquanto “passeia”, o animal pode ser atropelado, entrar em uma briga e se machucar, fazer mais filhotes e até mesmo fugir. Desabrigado e/ou machucado, ele vai engrossar a fileira dos que perambulam nas rua, morrem um pouco todo dia até que as bicheiras o comam de vez. Você já viu um animal sendo comido vivo? Não queira.
Muitas pessoas, é claro, resolvem o problema de outra maneira. Prendem o cachorro por uma corda amarrada ao pescoço e, dando água e comida, pensam que o mantém feliz. É claro que não. Ele pode até estar preso a maior parte do dia, mas tem de se ver livre em algum período. A casinha não pode ser o único espaço em que ele vive. Ninguém pode viver assim, nem mesmo um animal! O correto é adequar um espaço do quintal para o cão ou o gato. No caso deste último, dizem que a castração pode até fazer com que se torne mais calmo e fique mais em casa. Eu não sei, mas, pelo menos, ele não ficará correndo atrás das gatinhas por aí... Comida e água duas vezes ao dia, para o animal adulto, também o fará adorar estar em casa! Filhotes comem mais vezes.
Olha, até já ouvi coisas assim, quando alguém abandona: 1) Vão encontrá-los e terão pena! (e os levarão para casa, e vão tratar deles até que morram felizes, de barriga cheia e sem doenças); 2) Vamos colocar a caixa com os filhotinhos no quintal de quem tem crianças! (as crianças vão chorar e os pais vão ficar com eles). Sinto muito acabar com o conto de fadas, mas... na maior parte das vezes... isso não acontece. Os animais ficam mesmo é perambulando, morrem atropelados ou produzem crias que não terão dono e perpetuam um ciclo de abandono.
Bom, é claro que essa situação não é nova e somente uma política pública séria de conscientização das pessoas e de castração de animais poderá dar fim a ela. Os protetores, voluntários e entidades continuam lutando para que ela se concretize. Mas, enquanto isso não acontece, nós também continuaremos recolhendo o lixo que as pessoas jogam nas ruas, porque nós acreditamos que eles têm direito à vida. Opa! Eu disse lixo? Desculpe, quis dizer animais que as pessoas jogam na rua como se fossem lixo. (A atitude é tão parecida que me enganei e troquei as palavras...pobres animais.)
Quer mais realidade? O dono de um animal é responsável por ele e não pode, em hipótese nenhuma, delegar esse dever aos outros. Isso nem é crueldade, chama-se covardia....
sexta-feira, 7 de dezembro de 2007
Série amor aos animais - A realidade na causa dos animais urbanos
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